segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mulher Jovem Sentada de Frente


Todos com mais de .... anos já devem ter ouvido falar de um filme, muito, muito estranho, chamado "Encaixotando Helena" (Boxing Helena). Nunca vi o filme, mas sei sobre o que fala. É sobre a paixão de um homem por uma mulher que, para mantê-la presa a ele, amputa-lhe os braços, as pernas e a encaixota viva para adorá-la. Um horror! Mas como disse, nunca o vi.

Hoje, quando estava a voltar do trabalho a pé e a passar pelo Jardim da Amália, descubro que a exposição de esculturas do Baltazar Lobo infelizmente chegou ao fim. Foram 4 meses, sendo um de bónus, que eu tive a oportunidade de passar pelas mais de 20 esculturas dele.

Pois bem. Quando piso o jardim, ao invés de ver as esculturas que estavam sempre lá a minha espera, encontrei caixas. Muitas caixas. E dentro delas as esculturas. Minha alma entristeceu. Até posso dizer que entristeceu muito. Foi momentâneo, mas ao ver as esculturas enclausuradas em caixas de madeira, sem poderem ver-nos, e nós sem podermos vê-las, senti um choque. Despropositadamente pensei sobre a efemeridade da vida, e enquanto não abandonei o jardim, era só nisso que eu pensava.

Iriam as esculturas para o mesmo lugar que iremos quando morrermos? Ou iriam elas para uma outra exposição para serem vistas por outros olhos, em outra época, em outro lugar do planeta, e assim acontece com a gente depois que aqui já não estamos mais? As comparações eram infinitas, e só pararam quando continuei meu caminho. Algumas esculturas ainda não tinham tido o fatídico destino das outras, mas era por pouco tempo. E destas fiz questão de me despedir.

Depois segui o meu caminho e continuei a viver.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que tenho mais de .... anos e não tinha ouvido falar do filme.

Mas fez-me impressão o post. Triste, de facto.

Zizi disse...

Pois é...as despedidas das coisas que gostamos são sempre triste, porque também de tristeza é feita a vida. Se não houvesse tristeza também não poderia haver alegria.
...aposto que as esculturas estão contentes por irem mudar de ares para outras paragens! Tu deixas de as ver todos os dias, mas certamente outras pessoas as poderão ver!
Quanto ao filme, que não vi, só poder ser a metáfora de algumas vidas que conhecemos.
Beijo