quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quando o Amor Termina



Quando o amor termina, há despressurização do ar. Perdemos o chão e somos lançados para todas as direcções, sem podermos nos agarrar a nada, não por má vontade, mas porque nada consegue nos manter em terra por muito tempo.
Quando o amor termina somos destituídos de toda a nossa bagagem de uma longa viagem, e às vezes nem temos tempo de trazer uma mala de colo. Por outro lado, quando o amor termina, há de se aliviar o peso, perder a bagagem, pois, se tivermos alguma sorte, ainda teremos força somente para carregarmos a nós mesmos. Devemos simplificar nossas horas, nossos dias, porque a energia se desvanece com facilidade. Temos de nos preservar.
Quando o amor termina, tempos direito a choro infinito, a colo, a mimos, a tudo que sirva para nos apaziguar. Chorar muito até não haver mais razão para tal.
Quando o amor termina, assim que pudermos, é mister que nos perdoemos, antes que nos enchamos de culpa por algo que não poderíamos ter controle, antes que culpemos outros pelo que não podemos nos culpar. Temos de seguir em frente e, na impossibilidade, seguir para cima, para baixo, para os lados, não importa para onde, só não devemos nunca voltar para trás. O que está atrás é imutável, é doloroso, é passado. Se tentarmos mexer no passado, o passado voltará a mexer connosco.
Quando o amor termina, temos de dar um tempo do amor. Cada amor é único, singular, irrepetível, irreproduzível. Para voltar a amar, temos que desaprendê-lo antes. Amar é a única coisa que não se reaprende com lições passadas.
Quando termina o amor deves lembrar que antes do amor, tu existias. E foi contigo e por ti, que o amor começou.

Maybe California

Tori Amos, uma das minhas musas, irá lançar um novo disco chamado "Abnormally Attracted to Sin", no dia 15 de Maio.

Como ela é adiantada, já há vídeo e tudo de uma das músicas do disco online. Um encanto! Vejam e ouçam por si!

Ah, e aqui está a música para download, presente da própria Tori pelo dia das Mães.



E o que a Tori diz sobre o vídeo:

"There are people in our lives, and we all know them, that are able to give even in the darkest of times, even when they seem depleted. But somehow by giving, they gain this magical light. Even the most giving person needs a gift every once and a while, just to know they are seen and appreciated. 'Maybe California' is my gift to you."

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Twitter ou não Twitter, eis a questão!


Muitas pessoas me perguntam o que é o Twitter e para que serve. Eu até tento explicar, mas não é fácil, pois nem eu mesmo sei direito ainda o que é o Twitter e para que ele serve. Mas já consigo ver todas as possiblidades dele, as quais irei listar.

Basicamente o Twitter é um mini-blog, mini porque só podem ser postadas mensagens de 140 caracteres, e não podem ser postadas nem imagens e nem vídeos, a não ser referências a estes. Assim que uma pessoa cria o seu perfil, ela terá uma "timeline". Tudo que ela postar estará na sua timeline, por ordem de postagem. Sempre que essa pessoa entrar no Twitter, tudo que ela postou estará lá. Mas até agora tudo parece muito chato, não? Então vamos complicar.

No Twitter há os seguidores e os seguidos. Seguir uma pessoa é adicioná-la ao seu timeline. Tudo que a outra pessoa postar, aparecerá no teu timeline também. E vice-versa, se alguém decidir te seguir. Quantos mais seguidores, mais updates haverá na tua timeline.

Actualmente eu tenho uns 35 seguidos e 14 seguidores, o que não é nada comparado a outros desconhecidos. De qualquer maneira, eu escolho quem eu sigo pelos seguintes requisitos:

a) é amigo ou conhecido;
Em Portugal e no Brasil são muito poucos os amigos no Twitter, infelizmente. E os que estão não costumam actualizar. Se actualizassem, seria bom saber, mesmo que por cima, o que meus amigos andam a fazer. Não quero saber se estão a almoçar ou trabalhar, mas saber o que estão a ler, que programa estão a assistir, onde foram, o que encontraram na internet de interessante, coisas assim. De qualquer maneira, o twitter é muito publico para falar-se de coisas muito privadas, portanto, saber-se-ão só este tipo de trivialidades mesmo.

b) é famoso e eu acho interessante;
Neste momento estou a seguir a cantora Maria Rita, a Diablo Cody, roteirista-guionista do filme Juno, Davida Lynch, o criador do Twim Peaks, o Rafinha Bastos, Bruno Nogueira e acho que é só. Tinha a Ellen Degeneres, mas ela só falava das atrações do programa dela, e como não passa aqui, não me interessava e deixei de a seguir. A Maria Rita escreve coisas do tipo "o Show foi muito bom, valeu" até "estou fazendo as minhas unhas, bem, só pintando, mas conta como fazer unhas, não?". Ela até já me respondeu uma mensagem privada. Coisa mais fofa! A Diablo Cody escreve loucuras engraçadas e reclama das reuniões dela sobre filmes. São assuntos diferentes e interessantes, por isso gosto de ter estes bocadinhos da vida deles.

c) tem algo que me interessa, seja um interesse em comum, a aparência, o trabalho,...
No Twitter pode-se fazer pesquisa por qualquer assunto. Posso pesquisar por uma música, um cantor, uma actor ou um tema, e a partir daí investigar as pessoas que aparecem no resultado. Se me interessarem, começo a seguí-las. É assim que adicionei um barman de Nova Iorque, um poeta da Inglaterra, uma editora de livros de Lisboa e um criados de jogos de computador e consolas. Outras que adicionei já foram a vida, principalmente porque postavam exageradamente, 99% das coisas não me interessavam, eram Retweets e só estavam a encher a minha timeline.

d) alguém que me adicionou e achei interessante.
E, finalmente, alguém que não me connhece de lado algum pode me adicionar e se eu também achar esta pessoa interessante, a adiciono.

Mas e aí? Tenho minha timeline, meus seguidos e seguidores. E agora?

Agora é descobrir o que queremos fazer, ou o que gostamos de fazer. Eu comecei a interagir com alguns dos meus contactos. Pode-se enviar mensagens as pessoas, que normalmente respondem, mesmo as mais famosas. Não é nenhuma intimidade, mas é bom saber algumas das coisas que estão a acontecer enquanto eu faço as minhas.

Como temos interesses em comum, eles mencionam uma reportagem, um evento, uma música, algo que normalmente chama a minha atenção. E podemos fazer um ReTwitt com o Twitt de alguém. O twitt é o post que a pessoa fez. Se eu achei aquele twitt interessante o suficiente para os meus seguidores também tomarem conhecimento, eu faço um RT (ReTwitt), que é como uma citação ou um forward. Assim os meus seguidores sabem o mesmo que eu e conhecem também o autor do twiit.

Outras utilidades é fazer pesquisas de mercado ou opinião, mas só funciona, é claro, se tens um número de seguidores considerável. Também se queres saber o que os twitters estão a pensar sobre algum tópico, é só pesquisar. Encontra-se tudo.

Eu tenho o twitter no telemóvel/celular, mas não posto muito ali. Costumo sim ler os posts dos que sigo. No Firefox adicionei o complemento TwitterFox, que mostra popups conforme o twitter é actualizado. E agora passei a usar também o TweetDeck, que facilita muito a vida para responder, escrever posts com links, fazer retwitt e outras ações. É muito prático e fácil de usar.

E também há sempre a página do twitter. www.twitter.com. Lá também se faz tudo isso.

Sinceramente, no momento acho o Twitter interessante e curioso. Ainda estou a começar, e logo decido se continuo ou não. Mas estou a gostar do que vi até agora.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Tears for Fears?


Passaste por mim falando ao telefone. Estavas triste e choravas. Fiquei a imaginar o que poderia ter acontecido. Se teu namorado, ou namorada, estava a terminar o namoro contigo, se tinhas tido problemas no trabalho, se a faculdade era um fardo muito difícil para ti, ou até a vida.... nunca se sabe. Talvez tivesses alguém doente, ou alguém que se foi sem se despedir. Ou estavas a prever que alguém iria embora e não podias fazer nada. Ou fosse pânico, ou saudade. Talvez fossem teus pais a te incomodar. Ou a não te aceitarem como tu és. Ou talvez ainda estivesse a pedir perdão a alguém. Às vezes a gente chora a pedir perdão, por isso pensei nisso.

Não falei nada porque não te conhecia. Mas já me arrependi. Prometo que se alguém voltar a passar por mim a chorar, eu tentarei ajudar de alguma forma e não ficar só a adivinhar, mesmo que não o conheça. A partir daí logo se vê.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

E por falar em Clarice!

Por que se fala tanto de Clarice em Lisboa, especialmente esta semana.

 

“...sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava de morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus,..., faz de conta que vivia e que não estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e os seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e a luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro...”

 

Clarice Lispector, retirado do Livro “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, 1969

 

Carta para Clarice

Carta de Fernado Sabino  (Fernando Sabino)

Nova York, 06 de julho de 1946.

Clarice,

Porisso (sic) não te posso mandar nenhuma palavra animadora. Digo apenas que não concordo com você quando você diz que faz arte apenas porque “tem um temperamento infeliz e doidinho”. Tenho uma grande, uma enorme esperança em você e já te disse que você avançou na frente de nós todos, passou pela janela, na frente deles todos. Apenas desejo intensamente que você não avance demais para não cair do outro lado. Você tem de ser equilibrista até o fim da vida. E suando muito, apertando o cabo da sombrinha aberta, com medo de cair, olhando a distância do arame já percorrido e do arame a percorrer — e sempre tendo de exibir para o público um falso sorriso de calma e facilidade. Tem de fazer isso todos os dias, para os outros como se na vida não tivesse feito outra coisa, para você como se fosse sempre a primeira vez, e a mais perigosa. Do contrário seu número será um fracasso.

Fernando.