quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Yes You Can

Quero acreditar no início de uma nova era. Acreditar que um homem, um único homem, pode ser esperança para milhões de pessoas por todo o planeta. Quero poder ver todas as culturas e religiões neste homem, e vê-lo respeitar as diferenças deste mundo. Quero ver o milagre da uma jornada, de séculos de história, na cor de sua pele. Quero que chegue o início, e que seja bom.
Quero acreditar que este homem será a esperança para aqueles que ele não conduzirá.
Quero acreditar que eu esteja errado em tudo que eu não consigo acreditar, e que me seja provado o contrário. Quero estar certo e errado para o mesmo objectivo. Não importa. Perdendo ou ganhando, agora é a hora de todos começarem a corrida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Post de Pedro Ary Ferreira da Cunha em http://www.sociedadededebates.blogspot.com/


Bem-aventuranças
Ontem venci. Não, não foi o Obama que venceu, ou pelo menos não foi assim que o senti.
Ontem venceram todos aqueles que acreditaram que era possível fazer diferente e vencer. É impossível separar a ideia da pessoa que a defende e por isso se essas ideias ganharam eu ganhei e comigo todos os que as defenderam e deram a caras por elas.

É tão mais fácil olhar cepticamente para uma ideia, para uma pessoa, para uma campanha e rir quando alguém tropeça, brincar com as convicções alheias, ridicularizar as ambições dos outros, ou desvalorizar o trabalho feito. Sentamo-nos de costas para trás na cadeira e com sorriso trocista ouvimos o outro falar e o nosso sorriso responder. Afinal os sorrisos têm sempre resposta para tudo.

É mais difícil ser optimista. É mais difícil ver o céu negro, as nuvens carregadas, a chuva a cair e manter a chama acesa. Manter a esperança na chegada de um novo dia trazendo um céu sem nuvens e um Sol que nos seque a roupa e aqueça os corações.

Mas essa não é a questão, essa não é a perspectiva porque devemos ver o problema. Não é intrinsecamente mau seguir o caminho mais fácil nem intrinsecamente bom seguir o caminho mais difícil. Quantas vezes seguir o caminho mais fácil é ter a presença de espírito para levantar a cabeça do chão e ver o que há em frente; e seguir o caminho mais difícil é simplesmente ser teimoso. É nas noites mais escuras que mais precisamos dessa chama que temos em nós. É nas horas mais difíceis que mais precisamos de nos manter de queixo levantado e sorriso nos lábios. Não é por ser mais difícil que precisamos de ser optimistas, mas porque essa é a única forma de mantermos acesa a chama até que o Sol nos ouça.

Bem-aventurados os optimistas de palavras e de gestos, pois na noite verão as estrelas.

Estou farto do império do cepticismo bem pensante.

Ontem eu venci, porque contra todos aqueles que dizem que os jovens não se interessam pela política, estes apareceram nas urnas e esperaram horas à chuva para votar. Ontem venci, porque uma campanha movida pela energia desses jovens mostrou que era capaz de levar à vitória um candidato improvável. Ontem venci porque se mostrou que a democracia participada não é um mito, embora talvez precise de um herói. Ontem venci porque uma campanha financiada por cidadãos como eu, uma campanha comprada por centenas de milhares de pessoas, mostrou que era possível recusar grandes donativos de grandes grupos económicos. Ontem venci porque uma campanha, feita pela positiva e marcada pela esperança, venceu a desconfiança, o cepticismo e o medo. Ontem venci porque se quebraram barreiras que não se voltarão a erguer, porque se mostrou que pessoas diferentes podem trabalhar em conjunto, porque a mensagem de união venceu o repto do dividir para reinar, porque se sonhou muito e porque se arregaçaram muitas mangas, se arregalaram muitos olhos e peles de muitas cores se arrepiaram. Ontem venci porque se disser ser possível e foi. Ontem venci porque me deitei e sorri ao pensar em todas as pessoas que se foram deitar sorrindo ao sonhar em todas as palavras que se podem escrever numa página em branco.

Ontem venci mesmo, como teria perdido se tivesse perdido mesmo.

Bem-aventurados os optimistas de palavras e de gestos, pois ontem à noite viram estrelas e deitaram-se a sorrir.